Conversando com Autores: Enderson Rafael

Oi gente linda :)
Hoje o Conversando sobre autores na verdade vai ser Conversando com o autor :D. E o convidado é o autor Enderson Rafael, comissário de vôo e Redator publicitário. Dentre as suas obras estão os livros ''Todas as estrelas do céu'' e ''Três Céus''
Você pode saber mais aqui: Enderson Rafael


Vamos à entrevista!


1) Vi no seu site que você se dedica a duas paixões: a escrita e aos aviões. É difícil conciliar as duas?

É, e não é. Quando eu trabalhava como redator publicitário, eu passava o dia todo escrevendo anúncios, roteiros, outdoors... Então eu chegava em casa e não tinha o menor pique pra escrever literatura. Na aviação, é bem diferente. Passo o dia trabalhando e estudando coisas que nada têm a ver com o universo literário, ao mesmo tempo que me alimento de situações, cenários e cultura que enriquecem meu repertório. Logo, embora não sobre muito tempo livre, quando o tenho, fica muito mais fácil e delicioso escrever meus livros.

2) Sabemos que apesar dos grandes esforços dos autores e da colaboração de muitos leitores e blogueiros, ainda há muito preconceito em torno da literatura brasileira. Foi difícil conseguir a publicação dos seus livros e obter reconhecimento?

Eu ainda estou relativamente no começo, então não só foi como ainda é difícil. Apesar de ter escrito meu primeiro romance há quase 13 anos, ele só foi publicado em 2010. Então, é uma coisa de cada vez. Acho que, antes de vencer o preconceito dos leitores, precisamos vencer o das editoras. Tive duas que acreditaram no meu trabalho, primeiro a Novas Ideias com "Propaganda e Marketing para vestibulandos, calouros, curiosos e simpatizantes" em 2006 e "Todas as estrelas do céu" em 2010 - e que ainda que seja uma editora focada em design, apostou no meu romance. Agora, a Gutenberg, que não só acredita em mim - lançando meu segundo romance, "Três Céus" - como em muitos outros autores nacionais ótimos, incluindo Clarissa Correa, Rafaella Vieira, Douglas MCT, Felipe Castilho, Leila Rego, além do grande sucesso que é a Paula Pimenta. É um privilégio estar numa editora que aposta alto na literatura nacional, pois não são muitas as editoras que estão trabalhando dessa maneira. Temos ótimas editoras brasileiras que praticamente só publicam autores estrangeiros, e embora estejamos ganhando espaço nas livrarias aos poucos, ainda temos um longo caminho pela frente. Na verdade acredito que se um autor nacional receber o mesmo investimento em promoção e distribuição que um autor estrangeiro da mesma qualidade, conseguirá resultados equivalentemente expressivos. O preconceito do leitor, pra mim, é puramente casual. O livro nacional simplesmente não tem chegado nele com a mesma força que os estrangeiros. Sem contar, claro, que acredito muito que seja limitado da nossa parte pensar o mercado editorial como sendo só o Brasil. Temos que parar de apenas importar literatura e passar a exportar também, o que com certeza valorizará esse autores ao mesmo tempo aqui dentro. A literatura brasileira tem grandes nomes traduzidos para diversos países, mas proporcionalmente, ainda é desprezível mundialmente falando. Uma consequência disso é que boa parte de nossos países vizinhos tem pelo menos um Nobel de Literatura. Nós nunca passamos nem perto.      

3) Ainda no contexto da pergunta anterior, você está envolvido em um projeto de divulgação da literatura nacional. Como surgiu essa ideia e como exatamente funciona esse projeto?

O Novas Letras surgiu da ideia de tirarmos proveito do grande trunfo do autor nacional: a proximidade com os leitores. Vemos eventos de livros estrangeiros que lotam sem que sequer o autor esteja presente, então pensamos em fazer algo parecido, mas podendo ter essa troca pessoalmente com nossos leitores. Fazem parte do grupo eu, Leila Rego ("Amigas Imperfeitas", Ed. Gutenberg),  Fernanda França ("Malas, Memórias e Marshmallows" Ed. Rai), Patrícia Barboza ("As MAIS" Ed. Verus) e Tammy Luciano ("Garota Replay", Ed. Novo Conceito). Nos anos de 2010 e 2011 realizamos dezenas de bate-papos e palestras em livrarias em várias cidades e regiões do Brasil, incluindo as Bienais de SP, RJ, PE, além de partiparmos de feiras como Poço de Caldas e São José dos Campos. Uma das consequências indiretas desse projeto maravilhoso foi justamente termos conseguido publicar nossos novos livros, o que tem nos tomado bastante tempo de divulgação individual, e desde dezembro que não fazemos um encontro. Mas pudemos nos encontrar e conversar agora na Bienal, e foi ótimo! 

4) De onde sai a inspiração para escrever?

De tudo. Eu vejo o escritor como um profissional cognitivo: nós observamos o mundo e o reordenamos de uma maneira diferente e interessante, de forma a cativar a atenção de nossos leitores e convidá-los para refletir sobre temas dramas, paixões, medos. No meio tempo, você vive a vida dos personagens, se aventura com eles, se diverte e sofre também. E claro, aprende, assim como nós aprendemos muito escrevendo. E não pense que escrever é muito diferente de ler: nós também ficamos curiosos para saber o que vai acontecer no próximo capítulo!

5) Qual livro foi mais gostoso de escrever? Solta um trechinho pra deixar a gente na curiosidade.

Todos foram, cada um com sua peculiaridade. O "Propaganda e Marketing" era muito natural, uma conversa com o leitor sobre propaganda, faculdade, a vida em geral. Foi muito divertido. "Todas as estrelas do céu" foi meu primeiro romance, então foi um livro mais intuitivo, em que eu não dominava tão bem as técnicas da narrativa, mas que tinha um enredo valioso. "Três Céus" foi mais malicioso, proposital, eu pude expôr opiniões, homenagear amigos, surpreender o leitor, tudo com muito mais propriedade e usando o universo riquíssimo da aviação como pano de fundo, um tema que fascina a mim e a muita gente também, além dos meus grandes aliados: os cenários. O grande desafio dessa vez está sendo escrever meu próximo livro, "Alba", narrado em primeira pessoa. Ele tem uma história visceral, vista pelo filtro dos humores do protagonista, que passa por um drama pessoal imenso e viverá grandes aventuras do outro lado do mundo, na Escócia. Um trechinho para deixar vocês na vontade? O livro começa assim: "É curioso como as coisas são. Esta é uma viagem que qualquer pessoa amaria fazer, e aqui estou eu, na bela capital das Highlands, pelos motivos errados.''

12 comentários:

  1. Gostei muito da resposta dele a pergunta de onde vem a inspiração para escrever, é assim que penso também *O*

    Beijos
    Meu outro lado

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  2. Gostei muito das respostas! Achei muito legal essa relação dele com os aviões e a escrita!

    beijos
    Luana - Lendo ao Luar

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  3. Oi Ju! Também não sou tão fã não, devido à obrigatoriedade no ensino médio :P Mas eu me esforço e acabo vendo que é legal :D
    É bom lê-los sim :D

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  4. Não sabia que ele era tão ligado à aviação, achei bem bacana! Seus dois livros também tem relação com o céu.
    Acho muito legal saber coisas assim sobre os autores.

    Beijos, Carol
    Thousand Worlds

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  5. Adorei a entrevista! Não li tudo (especificamente até a segunda, porque é muito grande, rs), mas já deu pra ter uma ideia do estilo do Enderson!
    Parabéns!

    Um beijo,
    Vinícius - Livros e Rabiscos

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  6. Eu tenho MUITA vontade de ler "Todas as estrelas do céu", acho que deve ser um livro fantástico.
    É legal quando uma pessoa curte aviação. Eu acho muito legal também.

    Um beijo,
    Luara - Estante Vertical

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  7. adorei a entrevista! ele é um fofo, né?
    também morro de vontade de ler esse livro, desde que vi há alguns meses lá no Lost!
    vou procurar agora nas livrarias, já que tá com a Gutenberg ;)

    beijos - Rascunhos e Borrões

    ps: eu também adoraria trabalhar com aviação !

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  8. Oii
    Gostei muito da entrevista. Não conhecia o autor e fiquei bem curiosa para ler as obras dele.

    Beijos,
    Gaby
    http://pitadadecultura.blogspot.com.br

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  9. Que legal a entrevista. Eu não conhecia o autor.
    Gostei bastante e já me encantei pelas respostas rs

    Beijinhos
    fulanaleitora.blogpost.com.br

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  10. muito legal a entrevista,muito saber conhecer autores.
    beijos!
    http://escreverdayse.blogspot.com.br/

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  11. Amei a entrevista! Achei as respostas pura verdade, pra publicar um livro tem que se vencer o preconceito das próprias editoras, poucas apostam no talento nacional, e nós leitores não temos preconceito, simplesmente muitos livros nacionais não chegam ao nosso conhecimento por falta de divulgação e investimento das próprias editoras...O Enderson falou tudo!
    Beijos
    Amanda
    leiturahot.blogspot.com

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  12. Amei e entrevista. Ainda não tive a oportunidade de ler nenhuma obra do autor, mas quero ler Três Céus (acho a capa linda e adorei a sinopse). Achei legal essa associação que ele fez com a escrita e a aviação, é uma coisa que eu não imaginava que pudesse acontecer. Adorei saber de onde vem a inspiração. Acho que é isso mesmo, que você se inspira no cotidiano, na escrita e na leitura, é tudo um conjunto só.

    Livinha's Place (para acessar vá ao meu perfil)

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